Plano B


* Texto por Fabi






O que fazer quando o sonho vira um pesadeloQuando o conto de fadas se torna um conto de horror? Poucas pessoas falam sobre os riscos que um estrangeiro corre, ao casar-se, ter filhos em solo estrangeiro. Quando uma pessoa muda de país, está sujeita a que a vida passe a correr em outra legislação, baixo novas regras, e é importante estar preparado para isso. 

Quem me conhece sabe que uma das características que me define é meu sentido de justiça. Não tolero injustiças e maus tratos a qualquer ser vivo, porem vivemos em um mundo onde nem sempre as leis são cumpridas ou a justiça é aplicada. 
Diariamente recebo, devido a minha participação ativa em muitos grupos de brasileiros expatriados, pedidos de informações a respeito do México, pessoas que tem sonhos, desejos de uma vida melhor. Não importa qual seja sua motivação, trabalho, estudo ou romance, tenha sempre um plano B. E se o plano B não funcionar, tenha amigos e reze. 

Muitas de nós fomos tocadas pela história da Marina Menezes, (CLICA AQUI) que hoje expõe seu drama para o Brasil e em redes sociais. Eu sempre acredito que a verdade tem 3 lados, o meu, o seu e o certo, é bastante difícil ouvir um lado apenas de uma questão e julgar como certo. Por isso creio que não cabe a nenhum de nós julgar, para isso existe a Justiça de um País, Direitos Consulares, Direitos Humanos, e Justiça Divina. 

No Brasil também existem histórias tristes, finais infelizes de relações, divórcios litigiosos, brigas por custódia, assim como existem estelionatos, empresas que prejudicam os funcionários, pessoas que caem no conto do emprego perfeito, relação perfeita, curso perfeito. Mas se algo dá errado quando você vive no seu pais, você terá prejuízos financeiros, emocionais, morais, mas está em condição de igualdade contra seu oponente, tem órgãos de defesa ao consumidor, delegacia da mulher, lei Maria da Penha.  


Quando você está no exterior, e não falo apenas do México, nem do tão comentado machismo (primo-irmão do brasileiro), mas em qualquer país, os direitos da pátria falam mais alto. Em solo estrangeiro você tem direitos como estrangeiro, não como cidadão. Se você tem um filho em solo estrangeiro, seu filho terá os direitos de um cidadão, e você pode ter que se adaptar a esses direitos. 
Tenho uma amiga, mexicana, que foi viver nos EUA com seu esposo mexicano, com um filho nascido lá e uma filha nascida no México, em determinado momento da relação, se separaram. Há um ditado que diz que você não conhece com quem se casa até que se separa. Ela abriu mão da própria carreira em prol da oportunidade de carreira do esposo e queria voltar para o México com os filhos, onde teria maiores oportunidades de retomar sua vida pessoal, carreira, com o apoio da família dela e dos avós paternos das crianças (todos mexicanos), o (ex) marido com excelentes condições econômicas poderia visita-los e os avós poderiam levar as crianças para vê-lo com frequência. Ele não concordou com os termos e entrou com um pedido de cidadania americana, que lhe validaria todos os direitos de exigir que os filhos permanecessem em solo americano. Se ela saísse dos EUA apenas com o Green Card teria menos direitos que ele. Por sorte, vivendo a muitos anos no pais, com recursos econômicos e muito bem assessorada por um representante legal, ela pode traçar uma estratégia para não perder a posse das crianças, porem teve que abrir mão do direito de voltar ao México. 





Uma mexicana, casada com um Sueco, em meio a uma visita a sua família no México, decidiu não voltar com o filho e separar-se do pai da criança (nascida na Suécia, com dupla cidadania). O pai acionou a justiça sueca, e com ordem judicial aceita pelo México, com apoio da Interpol, arrancou das mãos da mãe, o menino de 2 anos e o levou para a Suécia. A mãe hoje vive na Suécia, contrariando seu desejo, para não abrir mão do direito de estar e conviver com o filho. 
Você pode vir a trabalho, como estudante, solteiro e encontrar alguém, vir casado com brasileiro e ter filhos aqui, no momento que escolheu viver fora seguirá sua vida em outra terra, sob leis de outra nação.


 Informe-se dos seus direitos, das suas obrigações, tome as devidas precauções, o risco sempre existe e não deve ser subestimado. 




Escrito por:





 Fabiana, 40 anos, mãe, esposa, empreendedora, professora, corretora de imóveis nas horas livres, uma verdadeira mulher Bombril. Moro no México desde 2008, vindo de mala e cuia e muita fé com o maridão. Adoro viajar, conhecer culturas e fazer amizades. 

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8 comentários

  1. Bem escrito. Com tripla cidadania, e agora vivendo no México, eu tenho visão de dentro do Canadá e USA. Sempre repito... os brasileiros não dão conta de quão verdes são os pastos de seu próprio país. Não conheço brasileiro que não queira voltar se circunstâncis permitissem.
    América é um desejo, um sonho oco. Todos amam escutar seu próprio idio a, e sempre têm saudade da sua própria cultura e comida. A comida aqui do méxico é horrivel. A comida americana é comercializada para nos engordecer. Pelo menos o Canadá oferece vida mais saudável, mas o friiiiioooo, xiii. I don't want to stay here, i wanna to go back to Baía!

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  2. Ótimo post! A gente escuta cada barbaridade por ai!!!
    Não custa alertar novamente.

    Beijão

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  3. É um texto par pensarmos mesmo. O plano b e c são necessários sempre. E estar precavida dos direitos no país estrangeiro é fundamental.

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  4. Um ótimo post! com certeza vamos fazer chegar a mais pessoas para que fiquem cientes que nem tudo são flores na tão sonhada vida de expatriado.
    tem seus riscos e tem que se conformar em viver sob um conjunto de leis aos quais não estamos acostumados e quem sempre nos parece justo.

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  5. Que reflexão incrível.

    www.kailagarcia.com

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  6. Menina, super importante seu post, uma reflexão e alerta necessários nestes dias de "debandada" do país.

    Clau
    @AsPasseadeiras

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    1. Tem muita gente que infelizmente nao tem noçao do que vai enfrentar... e depois sofre.

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  7. Obrigada pessoal, a ideia é essa mesma, alertar. Arriscar faz parte da vida mas temos que saber exatamente onde nos metemos.

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