Profissao: "Ama de Casa" - A escolha é sua...

Se você está em casa, fazendo planos de vir para o México, acompanhando seu marido que recebeu uma proposta de trabalho (a grande maioria das famílias vem assim), sugiro que pense bemmmmm.








Viver fora é uma experiência fascinante, abre a mente, expande as ideias, amadurece a pessoa, o casal, a família. Se você não trabalha no Brasil, não tem nenhum problema em preencher “dona de casa” na hora de preencher um formulário, já tem uma relação onde seu esposo fornece o dinheiro e você todo o resto, provavelmente será até mais feliz aqui do que no Brasil, afinal esse é um modelo de família muito mais comum aqui do que no Brasil, socialmente e culturalmente aceito.

Agora se você tem uma carreira, uma vida independente financeiramente, em especial se voce ganha bem e gosta do que faz, eu sugiro pensar umas mil vezes antes de vir, e se ainda assim achar que vale a pena, lembre-se de que: A escolha é sua. Não pode ser pela carreira do marido. Não pode ser pela estrutura bilíngue de ensino e as vantagens tremendas para seus filhos. A escolha de abdicar da sua independência é sua e vai refletir em você basicamente. Seus filhos, como costuma ser, nao vao reconhecer isso (nem as estrias, kg a mais, cabelos brancos, assim sao os filhos), seu marido vai seguir o pote de ouro no fim do arco iris corporativo, e com menos stress, pois sabe que você estará bravamente dando conta de tudo que mais importa.  Mas você... vai ter momentos em que vai se arrepender disso, inevitavelmente. Porque dói perder algo que culturalmente está vinculado a nossa forma de ver o mundo: estudamos, ralamos para chegar em um lugar valorizado pela sociedade, e por mais que diga que tem a mente aberta, que seja a favor de casamento gay, não seja racista e se orgulhe de não ter preconceito, eu te garanto, que, se um dia foi definida pelo seu trabalho, no primeiro formulário que escreva “dona de casa” vai sentir parte do seu mundo ruir, o primeiro será o formulário da migração, nessa situaçao seu visto é o de vinculo familiar, que te impede de trabalhar, estará carimbado: DEPENDENTE ECONOMICO.


Eu, que comecei a trabalhar aos 16 anos, comprei meu apê com meu marido aos 23, sempre tive conta corrente individual, cartão de credito ilimitado, cheque especial no meu nome, que comprava sapato de 500 reais, ia em salão de beleza da moda e fazia as unhas toda semana, me senti totalmente “abrumada” em cada “ama de casa” que respondi. É um processo...as vezes lento, outros nem tanto, em que se vê em uma roda viva de um trabalho sem reconhecimento social, sem rendimentos, sem benefícios e sem fim.

Ah, mas vou ter ajuda doméstica... hummmm... boa sorte, mas lembre-se é uma função a mais para administrar, junto com compras, contratação de serviços, criação de filhos, supermercado, cozinha. Eu tenho empregada (foram 14 ao longo de 9 anos) e agradeço de coração a ajuda que ela oferece nas 24 horas (totais) que ela me ajuda na semana, mas as demais horas “me toca a mi” todo trabalho doméstico... ah que vida boa deviam levar as sinhazinhas, mas no mundo moderno, onde a escravidão não é mais permitida (graças a Deus), só nos resta esperar que o dia que Robô "Rosinha” dos Jetsons seja real e financeiramente viável, enquanto isso, me vejo esfregando a colcha onde minha filha derrubou “moco de gorila” 5 minutos depois que minha ajudante foi para seu merecido descanso.



Tem muitas vantagens, claro, depois de esfregar (com a ajuda da filhota, para aprender a ser responsável) pude sentar e ter um papo cabeça tomando café com meu filhão, angustiado com seu 1º dia de aulas no novo ciclo escolar, coisa que não teria tempo de perceber se estivesse chegando do trabalho em meu tailleur estiloso, trazendo comida tailandesa (tenho que parar de ver series nova-iorquinas), cansada e estressada do trabalho.




Eu já tive oportunidade e infelizmente tive que dizer não, quando meus filhos ficaram doentes no dia do exame médico de contratação (influenza HN1 com internação de um deles), marido em uma viagem internacional e não podiam esperar. Mundo corporativo, frio e calculista, não combina com meu estilo de vida mais, com todo respeito a executiva que fui e as minhas amigas que o sao, minhas prioridades mudaram. Sei que renuncio junto com isso os terninhos, sapatos de salto com bolsa combinando, status quo e manicure em dia. 

Enquanto renuncio a um salário independente, me vejo dobrando lençóis as 10 p.m., de rabo de cavalo e moletom, porque a empregada não dá conta de tudo. Converso com minhas amigas, inúmeras, que fizeram o mesmo que eu. Algumas poucas encararam o batente corporativo, fazem malabarismos com as férias intermináveis das criancas (ou ainda nao tem filhos), família inexistente, choque cultural que se aplica aos funcionários domésticos também. É difícil, muito mais difícil que no Brasil. E a chance de conseguir um emprego com o mesmo status anterior, antes de ser residente permanente (liberada do status de dependente econômico que te impede legalmente de trabalhar) e não ter que depender de uma carta proposta e mudança de status migratório (dependente econômico para visto de trabalho) é estatisticamente muito menor do que no seu país Natal.

Esse ano coloquei em pratica um sonho antigo... voltei a estudar, dessa vez um projeto de vida que coincide ser mãe, dona de casa, fazer bolo, e trabalhar... a decisão foi minha. Já não sou mais uma executiva. Já não tenho mais um salário fixo bem pago. Faço outros malabarismos, como muitas outras que esperaram os filhos crescer e criaram pequenos negócios dirigidos em casa, como a amiga que virou corretora de seguros ou de imóveis, agora começo meu negócio em fotografia. Não é um trabalho que me deixará rica ou pagará todas as despesas da casa, não tem o mesmo status de antes, mas é mais real, mais feliz, me preenche e me realiza de maneiras que há muito não sentia.  Nao acordei um dia e sabia o que fazer... demorei 8 anos para encontrar meu caminho novamente e antes disso me anulei em muitos aspectos, fazendo o impossivel para manter a cabeça fora d' àgua e sobreviver.

Então, você que está pensando, com medo de deixar seu mundo para trás, saiba que as vezes é queda livre sim. Seja consciente das suas escolhas, porque no fim das contas, a vida é sua. A escolha é sua. Deixar seu mundo. Recomeçar conhecendo as dificuldades. Criar novos caminhos. Ninguém decide por você e sua decisão não deve ser baseada em ninguém mais do que quem você quer ser de verdade. Boa sorte!


Escrito por:



Fabiana Giannotti, brasileira radicada no México desde 2008.. Blogueira, Escritora, Fotografa, Assessora a expatriados. Me considero afortunada por viver no México, aprender a respeitar e conhecer essa bela cultura. Conhecer, adaptar-se, aprender, mudar, acostumar, respeitar, amar o diferente são algumas coisas que descobri nos últimos anos, além do fato que, por mais perfeito que seja o plano tudo pode mudar de repente...

E-book, livro digital – Venda direta: fabiana.giannotti@yahoo.com.br



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