Ser ¨Mamᨠno México!
Falando em
dia das mães, eu fiquei refletindo como é ser mãe no México. Oras, mas mãe é
mãe em qualquer lugar, não é? Mais ou menos...as coisas nunca são tão simples.
Eu faço
parte de alguns grupos de mães internacionais e em todos eles, cada vez que
alguém se muda as dúvidas são as mesmas, quando se trata de mães, a preocupação
é com a cria. Como adaptar meu filho, como manter o português, a nossa cultura,
como lidamos com o idioma, com as diferenças, o preconceito, a distância da
família.
Quando
cheguei aqui para minha viagem de reconhecimento deixei meu pequeno com minha
mãe, pela primeira vez, por uma semana. Viemos para escolher casa, escola,
sondar o ambiente. Vi várias escolas renomadas e recomendadas, em uma escola
que não estava na lista, quando fui visitar e entrei em uma sala cheia de
criancinhas, chorei de saudades do meu filho, a atitude e carinho dos
professores e diretores comigo me fizeram ter certeza que meu filho seria bem
cuidado lá. Você se dá conta que precisará confiar em um mundo totalmente
diferente do seu, recomendações e estatísticas de desempenho acadêmicos são
importantes, mas seu instinto vale muito mais.
Quando vim
para cá, deixei presentes de casamento, álbuns de formatura, mas trouxe todos
os brinquedos possíveis. Queria que meu filho tivesse alguma referência do
mundinho dele. Não importa que brinquedos fossem mais baratos que baixelas de
prata, aquele ursinho tinha uma história para ele.
Quando
deixamos nosso país saímos da nossa zona de conforto, onde vivemos a vida toda,
temos vó, mãe, irmãs, sogra, cunhadas, tias, primas, melhores amigas de
infância, vizinhas, empregada de confiança que conhece toda família etc. Toda
essa rede de apoio fará falta se você vem para longe.
Sinceramente
eu admiro muito uma mãe capaz de vir a trabalho, ainda que o maridão esteja
apoiando, pois sabemos que não é fácil lidar com a tremenda pressão de
adaptar-se ao mercado e ajustar toda a família. É um desafio que poucas podem
equilibrar.
Se você é
uma mãe que trabalha no Brasil e vem para apoiar a família, acompanhando o
esposo, há que compreender que estará abrindo mão de muito mais que um emprego,
amigos e família e assumindo um papel totalmente novo. Para começar, voltar a
trabalhar aqui vai exigir que encontre não apenas um trabalho, mas um que
esteja disposto a mudar seu visto de dependente econômico para um visto de
trabalho, ou esperar alguns anos até ter sua residência permanente, e claro,
montar uma rede de apoio do zero, com diferenças culturais que podem
representar muita diferença.
Como filha,
verá seus pais envelhecerem e adoecerem, e terá que lidar com o impacto dessa
realidade, da distância e saudade, na sua vida e na sua família, vejam bem, a
mãe não é a única que passa e sofre essas angustias, mas na maioria das vezes é
quem tem que lidar com o choro, as acusações, as lembranças, a saudade, seja
para calar ou afagar no dia a dia.
Vai sofrer
preconceito daqui e de lá. Daqui, porque sempre será uma estrangeira, por mais
que te tratem bem, essa nunca será sua cultura, será uma história que começou a
ser escrita no meio do caminho. Do Brasil porque deixou sua família, sua
carreira, afastou seu filho das origens, muitos jamais vão entender que muitas
vezes não foi o dinheiro que falou mais alto, mas sim a possibilidade de
oferecer um mundo novo a sua família.
Escrito por:
Fabiana, 40 anos, mãe, esposa, empreendedora, professora, corretora de imóveis nas horas livres, uma verdadeira mulher Bombril. Moro no México desde 2008, vindo de mala e cuia e muita fé com o maridão. Adoro viajar, conhecer culturas e fazer amizades.
12 comentários
Nossa, imagino que não deva ser nada fácil mesmo! Mas existe aquela frase que diz: "lar é onde estamos juntos!". Feliz dia das mães !(porque dia das mães é todo dia- já viu mãe ter férias?!)
ResponderExcluirTem toda razao Aline, o importante é manter o lar unido nao importa onde a gente viva.
ExcluirQue texto lindo! Parabéns à Fabiana! E, por mais que eu sempre sinta a lacuna de nunca ter sido expatriada, fiquei pensando em como é bom continuar morando em minha cidade natal... Beijos!!
ResponderExcluirOlha Liliane morar fora é legal, mas doi bem mais do que a maioria conta, rs. No fim acho que sempre vale a pena, mas manter as raizes é algo muito gostoso tambem...
ExcluirAdorei seu texto. E é muito verdadeiro. Eu ponderei sobre estas questões há alguns anos atrás quando pretendia ir embora. E percebi que não daria conta de tudo. O que me deixa ainda com mais admiração pela sua situação aí! Não é fácil, mas é de muito crescimento, amadurecimento e coragem! Boa sorte com tudo!
ResponderExcluirObrigada. É importante essa ponderaçao, muitos vem só o lado bom de sair do país, ir ou ficar pode ser bom ou ruim, depende muito da maneira como encaramos a vida.
ExcluirQuando sabemos de alguém que vai morar fora, de modo geral, só pensamos nas coisas boas que aquela família vai usufruir. Mas tem muito perrengue tb. Imagino a maturidade que a pessoa tem que ter.
ResponderExcluirÉ bem isso mesmo, e as vezes doi bastante. Mas ainda acho que vale a pena.
ExcluirLindo post!
ResponderExcluirParabéns Fabiana!
E como diz a minha mãe: mãe é mãe! A gente aguenta tudo no osso mesmo kkkk
Beijos,
Fran @ViagensqueSonhamos
Pois é Francine, aguentamos o tranco mesmo. Por isso merecemos 2 dias das maes, rs, data mexicana e brasileira!
ResponderExcluirAmei o texto
ResponderExcluirEstou a 7 dias aqui no México, ainda náo deu para sofrer claro rsrsrs
Veremos os proximos capítulos rsrs
bjss
Espero que esteja se adaptando bem Luana!
Excluir