Voce se arrepende de ter ido viver fora do Brasil?




Hoje um dos meus clientes no processo de Assessoria me fez algumas perguntas fundamentais, aquelas perguntas que realmente gostaríamos de ter uma resposta simples. Entre elas: Você se arrepende de ter ido morar no Mexico? O saldo final é positivo?


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Escrevo o blog como terapia, como uma forma de ajudar tudo que a vida me trouxe de bom, a assessoria é apenas uma consequência, para poder prestar uma ajuda personalizada aqueles que a requeiram. Sempre digo a TODOS que perguntam: você pode fazer sozinho seguindo o caminho das pedras do blog, tem TUDO lá. Meu trabalho é simplesmente cortar caminhos, aconselhar e ajudar no que puder. Algumas pessoas no caminho se tornam amigas e é muito gratificante poder ajudar, e muitas vezes essa pergunta vem...

Ver famílias chegando aqui nos traz um misto de recordações, dos medos, angustias, ignorância, fé. Responder essa pergunta é difícil, e não acho que minha vida seja referencia para aqueles que vem agora, com muito mais informação, tecnologia, facilidades em comunicar-se, acessibilidade a tudo, voos promocionais, comidas, comunidade brasileira em todas partes. Eu brinco que quem saiu do Brasil a muitos anos é expatriado raiz...hoje em dia são Nutella.


Mas algumas coisas não mudam. Vemos muitas histórias ao longo desses anos, todos deram o salto de fé ao mudar de país, alguns se adaptaram e outros não.  Acho que basicamente depende de quanto você se esforça para que isso de certo, de verdade, vivendo as dificuldades e não voltando atrás, mesmo querendo desistir as vezes, e claro, um pouco de sorte.  Mais ou menos como um casamento, passada a lua de mel, o que sobra é a vontade de fazer dar certo, determinação, paciência, fé. O amor, descobrimos, é só a cola que mantem tudo isso único, por si só não faz nada.


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Para quem vem a trabalho, você vai crescer aqui. Pode ser que tenha menos dinheiro, poder, que sua carreira de passos para trás (normalmente não é o que acontece), mas vai crescer inevitavelmente. Vai amadurecer, vai ter um medo do caramba de não dar certo e esse medo vai te impulsionar a ser melhor. Vai ter momentos de xenofobia inevitável, vai sofrer e sentir preconceito em relação a cultura local. Vai chegar em casa com dor de cabeça de falar em um (ou mais) idiomas que não são o seu todo o dia, e se frustrar com os “ahoritas” da vida no Mexico. Se for um chefe de familia vai sentir uma pressão abismal, de ser o único provedor, de ter mudado a vida de todo mundo (e se não der certo?) e vai lutar com uma forca nunca imaginava para fazer dar certo, (mesmo que desista, vai tentar). Vai olhar no espelho muitas vezes e sentir pena e orgulho de si mesmo. Pena por tudo que deixou para trás, da zona de conforto, dos sapos engolidos. Orgulho das conquistas, dos sucessos, do novo eu que criou, saberá que tem o poder de se reconstruir, em diferentes mundos e situações. 




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Para os filhos que virão para cá, vai doer. Não importa se tem 2, 12 ou 22 anos, vai ter que se adaptar e é um processo. Vi criança de 2 anos que se recusava a falar espanhol, vi adolescente sofrendo bulling, vi jovens deixando namoradinha no Brasil porque tinha que acompanhar a família, e começar a vida com o coração partido. Mas vi todos eles superarem, inevitavelmente. A juventude tem uma capacidade de regeneração que supera todas nossas expectativas. E a bagagem dessas crianças... é fenomenal. Na sala de aula do meu filho, então com 5 anos, percebíamos claramente a diferença das crianças expatriadas com as locais. Na época éramos 3, uma família da Guatemala, uma família Argentina e nós. É um fato, a capacidade de resiliência das crianças que enfrentam a situação de mudança, com uma família que os apoia, é um legado que não tem como oferecer sem retira-los do mundo que estão acostumados e joga-los em um mundo novo e deixar que se virem. Porque você pode ter professor particular, psicólogo, uma equipe completa, com todas as ferramentas, mas no fim das contas, ele ou ela terão que viver o processo e encontrar seu caminho.




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Para as esposas (ou esposos) que virem como “plus one”, acompanhando o processo de mudança, gerindo a família... eu falo um pouco das dificuldades nesse post Como ser mamá no Mexico., não é sexismo não, feministas que me desculpem, mas no mundo dos expatriados com família 99% são homens que vem com a esposa que os segue, as regras não são minhas. É difícil sim. Alguém tem que ceder. Muitas vem felizes por ter a oportunidade de estar com os filhos (a maioria nunca pode deixar de trabalhar no Brasil), tirar um período sabático, outras vem contrariadas, com medo de perder sua autonomia, e sinto dizer, perdemos sim.




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Após alguns meses ou um par de anos, se tudo der certo, sua vida estará adaptada. Seus filhos estarão bem, terão amigos, a carreira do seu marido crescendo, seu espanhol vai sair com mais ou menos dificuldades, dependendo de cada história. Provavelmente, para ter aceitado vir, sua família é muito importante para você, quer fazer dar certo, por isso abriu mão de muita coisa para que todos estejam bem. Se for esse o caso, saiba que nesse aspecto sempre terá orgulho do seu crescimento como ser humano, porque assim como para os demais envolvidos, sair da zona de conforto te faz evoluir.

Na semana passada uma amiga, bem casada, teve uma briga com o marido. Uma briga feia, por motivos bobos, como acontece em qualquer casamento. Ela teve vontade de sair correndo, de abandonar tudo, como já aconteceu com todos nós casados a muitos anos. E fez as pazes depois, afinal eram motivos bobos. Até aí, nada de diferente do meu casamento aqui ou seu casamento aí.

Só que na hora que realmente teve vontade de largar tudo, ela foi chorar sozinha no parque. Apesar de ter muitos amigos, ela não queria incomodar ninguém, porque amizade desse tipo é coisa que requer anos de intimidade ou ser do mesmo sangue, nessa hora se deu conta que estava SÓ. Quando teve vontade de ir embora, voltar ao seu mundo anterior, se deu conta que isso significaria privar seus filhos do pai, e que eles não eram sua propriedade que poderia levar onde bem quisesse, além das questões emocionais havia a questão legal. Que apesar de trabalhar com traduções, não tinha a menor condição de se sustentar sozinha, sem depender da boa vontade do marido, porque nunca foi capaz de voltar a trabalhar como antes, com 100% de foco no mundo corporativo, uma carreira como tal. Em um café com amigas, conversamos francamente sobre isso e descobrimos que muitas de nós já se sentiu assim. Fizemos um pacto de nunca mais chorar sozinha no parque ou no estacionamento do supermercado, e decidimos nos apoiar sempre.



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Assim que para não se arrepender ficam algumas dicas:



     1)    Tenha autonomia financeira. Tramite um cartão de credito em SEU nome, vai demorar, mas tem que ter um histórico creditício em SEU nome. O único banco que permitiu uma conta conjunta com plenos poderes foi o Santander, tenha uma, ou se preferir contas separadas, com dinheiro em cada uma, CONVERSE SOBRE ISSO, façam um plano familiar JUSTO, desde o começo.

    2)  De um prazo para dar certo, se não der, tenham um plano B, onde ambos aceitem voltar como família, sem culpa ou ressentimentos. Falem disso ANTES, quando os sentimentos não estiverem a flor da pele. Mas se esforcem para dar certo, precisa MUITA DETERMINAÇÃO. 


     3)  Não se anule. Siga sendo um indivíduo, não apenas mãe e esposa. Estude, tenha seus hobbies, mas de preferência, trabalhe e gere uma renda autossustentável, ou algo que em determinado momento possa aumentar o investimento e com isso possa viver. Esse momento pode ocorrer se não cumprirem com as dicas 1 e 2, pode ocorrer quando os filhos crescerem, ou simplesmente quando você se sentir menos do que gostaria, ou pode nunca acontecer. Se o processo for por tempo determinado, utilize esse tempo com cursos e aprendizados que levará com você quando for retomar sua vida. 



   4)  Conversem e se apoiem mutualmente. Como família. Conversem sobre os medos, tristezas, angustias e busquem soluções. Maneiras construtivas de superar as dificuldades.



   5)  Tenha amigas, não esteja só. De chance aos locais, não se feche apenas na comunidade brasileira, as amizades com brasileiros muitas vezes são circunstanciais, como verá com o tempo. 





      Sugiro ler esse post: Profissao Ama de Casa: A escolha é sua




Eu vi famílias de todo tipo ao longo desses anos, aquela com um sonho de trabalho que virou pesadelo, voltaram um ano depois, mega fortalecidos com a experiencia e com uma bagagem incrível, união familiar rara de se ver, especialmente com filhos adolescentes, perderam dinheiro, mas ganharam algo impagável. Vi famílias que superaram dificuldades e se deram muito bem, quem vê de fora vai acreditar na “sorte”, nós sabemos que é bem mais que isso. Vi também casamentos desmoronarem, culpa, ressentimento de ambos lados, de quem ficou e de quem voltou, provando muitas vezes que dinheiro não traz felicidade. 

Não tem uma formula, como qualquer grande passo da vida, casamento, filhos, carreira internacional, são para os fortes. 

Respondendo a pergunta do início, parafraseando Fernando Pessoa: “ Tudo vale a pena, se a alma não é pequena”, ainda que não de certo, vale sim!




Fabiana Giannotti, brasileira radicada no México desde 2008. Blogueira, Escritora, Fotografa, Assessora a expatriados. Me considero afortunada por viver no México, aprender a respeitar e conhecer essa bela cultura. Conhecer, adaptar-se, aprender, mudar, acostumar, respeitar, amar o diferente são algumas coisas que descobri nos últimos anos, além do fato que, por mais perfeito que seja o plano tudo pode mudar de repente...


Serviço Personalizado de Assessoria para mudança ao México

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