Carreira SOLO após os 40, em outro país... SÍ SE PUEDE!


Também faz bastante tempo que não escrevo, e sinto uma falta danada, mas alem de sentir que esgotamos quase todos os temas, falta tempo. Decidi fazer esse post, incentivada pela minha amiga querida, a Melissa Lima, e contar um pouquinho da minha história, voltando ao mercado de trabalho. Sim, é um desafio de proporções assustadoras, especialmente depois (ou próximo) dos 40...







No meu caso eu decidi a muito tempo atrás sair do mundo corporativo, simplesmente a competitividade e pressões por causa de relatórios, metas, sem contar o blábláblá de desenvolvimento humano não era para mim. Já tinha ido para meu plano B ainda no Brasil, passado em um concurso público para começar a dar aulas e iniciar uma carreira acadêmica, mas a vida tem seus próprios planos e vim parar aqui no México, a 11 anos atrás.

Entre engravidar da 2da filha, acompanhar o marido em 3 mudanças de emprego, 5 municípios, 2 Estados, 10 casas foi trabalho em tempo integral por vários anos, mas, como muitas esposas que acompanham o marido na jornada da super carreira, apesar de sentir-me grata pelas oportunidades incríveis da vida, de criar 2 filhos, com todo o pacote internacional, etc, sentia sempre aquela sensação de que algo faltava, dentro de mim.




Maridão sempre me deu o maior apoio para voltar ao mercado e seguir meus sonhos, mas diferente da Mel que curtia ser uma super executiva bem-sucedida no Brasil, eu não gostava daquilo que deixei para trás, e sinceramente, não tinha a menor ideia do que gostava...até tentei dar aulas de português um tempo, e foi bacana, mas faltava aquela paixão. Entrei no Blog com a Mel, escrevi muito, e foi ótimo por um tempo, ajudei a muitos expatriados com assessorias, mas ainda faltava algo.

Pensei em inúmeras possibilidades, refazendo um caminho de autoconhecimento, e decidi tentar estudar uma coisa que sempre me apaixonou: Fotografia. Melissa e eu temos isso em comum, porém enquanto ela é incrível em fotografia arquitetônica (outra paixão dela), eu adoro registrar emoções humanas, e uma das minhas principais motivações era poder mostrar as mulheres reais, que elas podem ser incríveis, lindas, perfeitas, exatamente como são, com suas pequenas imperfeições, rugas, estrias, cicatrizes que contam sua historia de vida. Mostrar a elas que não são invisíveis (eu sei, já trabalhei isso em terapia, rs)




No começo, me sentia um dinossauro, os aspectos técnicos da câmara davam bug no meu cérebro, sentia que jamais seria capaz de desenvolver o tal “olho” (que a Melissa tem sem nunca ter estudado fotografia, mas por conhecer profundamente arquitetura e história da arte). Foram necessários milhares de fotografias, dias, meses, anos de pratica intensa. Meus filhos e amigos ajudaram como modelos, depois participei de workshops, cursos com modelos contratados, aprendi a dirigir, editar, pouco a pouco fui me sentindo segura no meu campo. 

Hoje, apesar de saber que tenho um mundo de técnicas para aprender, já recebo elogios de profissionais da área, ganhei reconhecimentos de melhor fotografa em um workshop em especial que significou muito para mim, pois é de fotografia Boudoir, o estilo de retrato que me motivou a entrar nesse mundo.

Iniciei esse caminho a 3 anos atrás, esse ano montei meu espaço, meu estúdio fotográfico. Ter um espaço só meu, ainda que seja apenas uma sala e banheiro, onde cada equipamento de iluminação, câmaras, lentes, fundos, prop´s (acessórios, decoração, materiais utilizados nas sessões), foram comprados com meu próprio dinheiro, começando em sessões em parques, em locações externas, me dá um orgulho imenso de mim mesma. Tenho um mundo inteiro para alcançar, mas já comecei a dar meus primeiros passos. Estou terminando de montar minha página web, com um portfólio considerável de trabalhos, já estou em varias redes sociais e estou criando minha identidade de imagem para divulgar meu trabalho.






Infelizmente a carreira solo, diferente do mundo corporativo não te dá vantagens ou garantias, voce terá que criar seu fundo de ahorro, ser seu principal critico, e vai trabalhar muitas horas seguidas sem nenhuma remuneração, mas tem a vantagem de poder ter horários flexíveis, trabalhar no sofá de casa, de jeans e tênis, ou pijamas.

O sucesso eu meço pelo reconhecimento do meu trabalho, pelas emoções que me tocam a alma em cada registro, e claro, pouco a pouco gerando minha independência financeira. Hoje já tenho minha conta corrente, poupança e meu cartão de crédito individual, já tenho um nome para preencher no formulário, no lugar de “ama de casa” sou fotografa, mas principalmente sinto um orgulho danado da profissional que me torno, olho de forma critica mas gentil meus trabalhos em uma linha do tempo e tenho certeza que estou sempre buscando novas formas de ser melhor no que faço, e isso para mim é o suficiente, já que sou um ser humano em construção. 





Começar uma nova carreira do zero, sendo mãe, esposa e malabarista da vida doméstica, em um país, idioma, cultura, que não são as nossas é um desafio assustador. Dá vontade de deixar para lá e fazer de conta que as series do Netflix, bate papo com as amigas e rotina do dia a dia suprem tudo, e para muitas pessoas isso funciona, mas para aquelas que, como eu, sentiam “aquele vazio existencial no amago do seu ser”, recomendo fortemente: TENTE. Vai errar algumas vezes, mas todos os caminhos te levarão a processo de autoconhecimento, nao será nada facil, vai se sentir uma orquestra de um homem só, mas é muito bacana olhar para trás e ver todo que que foi realizado.

Deixo para vocês um pouco do meu trabalho, para que possam conhecer, espero que gostem, e se puderem deixem sua opiniao.














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