Família e amigos do Brasil - Coracoes Partidos.
A gente está
sempre falando dos desafios, dificuldades, sobre a mudança de país, a saudade
que sentimos do Brasil, da família, amigos..., mas alguém já falou sobre quem
fica? Ferias de semana santa, muitos amigos viajando para o Brasil ou recebendo familia, vem as lembranças do facebook que me recordam os anos anteriores em que estive na terrinha.
Quando
deixamos nosso país deixamos nossa história de vida, nossas referencias, o
mundo do qual fazíamos parte. Mas, quando vamos embora deixamos corações
partidos também...
Eu lembro
de alguns, quando contei para minha melhor
amiga no dia do aniversário da filha dela e choramos juntas em um dia que
deveria ser alegre. Minha sogra, sofreu calada e nos abençoou, do jeito dela. Mas sempre me
marca a reação da minha mãe, quando falei sobre a proposta de trabalho que nos
levaria ao México, ela vibrou de alegria com a oportunidade, poucas foram
as vezes que a vi chorar ou reclamar do fato de vivermos longe, pelo contrário,
sempre me incentiva a ver o lado bom da moeda, curte intensamente os netos
perto ou longe.
Mas eu sei que parti o coração dela ao levar o único neto que
era sua adoração, que parti o coração dela quando sofria o mal-estar de uma gestação
sozinha, sem contar as inúmeras despedidas em aeroportos do Brasil e México, me
proíbe de levar crianças no aeroporto, porque sabe que voltamos os 3 chorando
todo o caminho de volta.
Quando minha mãe
chega no México ou quando vou para o Brasil, pira na batatinha. Compra tudoooo
para os netos e para mim, mima, estraga mesmo. Eu já tive minha fase de ficar
super preocupada: com os gastos, com os excessos, o prejuízo financeiro que
damos cada vez que baixamos de mala, cuia e desejos infinitos; com os mimos,
estragos, manipulação das crianças. Já fiquei morrendo de vergonha das minhas irmãs,
porque minha mãe mimava a gente na cara dura, e rolava aquele ciuminho básico.
Aprendi que
tudo isso é bobagem. A vida é curta e a distância imensa. Ter avó, mãe, para
ela ter netos e filha é um luxo que deve ser saboreado, com gula, como se
queira viver. Talvez porque já passei da metade da vida e amadureci um pouco,
porque meus filhos cresceram e já sei que não serei jamais uma mãe perfeita (ou
filha, esposa, amiga), porque vivemos na distância, o choque da morte repentina
da tia querida ou a morte lenta do meu pai, porque vimos amigos e familiares
queridos se distanciarem com o tempo...
Quando somos expatriados, vivemos o tempos compartilhado intensamente, é uma explosão de sentimentos, queremos
abraçar, beijar, chorar, contar tudoooo que vivemos nos últimos meses ou anos
em uma tarde, dia, semana. Nos sentimos em um caleidoscópio e sabemos que tem
dia e hora de voltar. Por isso queremos encher todos nossos sentidos, acumular
as experiências, porque chocolate cabe na mala, beijos, abraços e conversas não.
Além dos
nossos pais, partimos os corações de irmãos, tios, avós, primos, amigos, mas no fim das contas, quem
se importa de verdade estará sempre presente. Vai buscar no aeroporto com
faixas, compra coxinha, pizza, pastel, chocolate, presentes para mimar, liga,
escreve, procura. Entende que levar toda família todos os anos para o Brasil é
caro, cansativo e as vezes impossível e aproveita cada momento junto.
Aprendemos que amor e carinho não tem distância, quando sua mãe pega o primeiro
voo para estar com você quando você diz que seu filho está mal no hospital,
quando suas amigas de 20, 30 anos apoiam os seus sonhos de hoje, ligam, escrevem, fazem video chamadas não apenas se
recordam da pessoa que se foi a nos atrás. E sempre haverá aqueles que inevitavelmente se afastarao, porque nao seguram a onda ou simplesmente seguem a vida, nos substituem em seus coraçoes, e nao podemos reclamar, é o risco que se corre, quem partiu fomos nós.
O único momento que sei que corto o coração da minha mãe todos os anos é
no Natal, quando ela tem que se dividir entre as filhas, no México ou no
Brasil, esse ano, depois de 10 natais estarei lá, se Deus quiser. Vou comprar
presentes para todo mundo e deixarei minha mãe estragar seus netos, minha vó
dizer que não posso brigar com os bisnetos e vou estragar minha sobrinha com
colo, chocolate e muito amor. E vou tirar a foto de todas as filhas e minha mãe
sob a arvore de Natal. Porque esses são os momentos que fazem a vida valer a
pena, seja pascoa, férias de verão ou fim de ano. Vamos aproveitar os momentos
de coração cheio, porque sabemos que inevitavelmente vai se partir de novo.
“Porque quando menos se espera
A vida já ficou pra
trás
Segura
teu filho no colo
Sorria e abrace
teus pais
Enquanto estão aqui
Que a vida é
trem-bala, parceiro
E a gente é só
passageiro prestes a partir”
Trem Bala - Ana Vilela link Musica
Escrito por:
Fabiana
Giannotti, brasileira radicada no México desde 2008.. Blogueira, Escritora,
Fotografa, Assessora a expatriados. Me considero afortunada por viver no
México, aprender a respeitar e conhecer essa bela cultura. Conhecer,
adaptar-se, aprender, mudar, acostumar, respeitar, amar o diferente são algumas
coisas que descobri nos últimos anos, além do fato que, por mais perfeito que
seja o plano tudo pode mudar de repente...
E-book, livro digital –
Venda direta: fabiana.giannotti@yahoo.com.br
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2 comentários
Que lindo texto!!!
ResponderExcluirObrigada!!!
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