Dia dos Pais - Vida de expariado nem sempre é facil...








Dia dos pais chegando no Brasil, posts em todos os lados vai dando aquele apertinho do peito, de quem sabe que viver longe tem um custo que não tem como entender antes de viver...aqui em casa já comemoramos o dia dos pais em junho, quando celebramos o maridão na escola, comida, presente.


Mas... todo mundo tem pai e mãe, e nessas datas comemorativas dói estar longe. No meu caso que perdi meu pai nessa mesma época no ano passado, esse é o primeiro dia dos pais que não preciso mais pensar em onde minhas irmãs vão levar meu pai, que vão fazer, como estar presente a distância. Obviamente não ficou mais fácil, só mais triste.

Quando nos mudamos para longe deixamos alguns corações partidos, meus pais sempre me apoiaram na minha escolha de viver longe do Brasil, sempre me mostravam o lado cheio do copo, como mãe que sou posso imaginar o quanto custou para eles, nos ver partir.
Nos primeiros meses a saudade doía demais, depois pouco a pouco nos acostumamos. A almoçar em restaurantes no fim de semana, mesa pequena e não reunir família no domingo. A ligar no dia dos pais e mandar um abraço virtual ou um presente comprado on line. Vamos colocando debaixo do tapete das emoções o fato de que não estar presente dói de verdade, para ambos os lados.





Já vivo a quase uma década fora do Brasil. Nunca tive a melhor relação do mundo com meu pai, nunca foi aquele paizão que pega no colo, segura a mão, dá conselhos. Outra geração, outra época, outra cabeça. Mas eu sabia que estava lá. Me levou no altar, dançou minha valsa de formatura, me levava para comer no restaurante favorito e tomar cappuccino na Kopenhagen quando eu ia no Brasil, compartilhando um ritual de mimo mutuo, um pequeno luxo de quem se vê uma vez em alguns anos.

Uma das coisas ruins de viver fora é que a gente tende a achar que as coisas seguem igual deixamos antes de ir embora (ainda que nossa razão saiba que não é assim), acho que é um mecanismo de defesa, que nos preserva da dor de saber que o tempo passa e tudo acaba um dia, já que não podemos desfrutar esse tempo. Por mais que saibamos que nossos pais e avós envelhecem e adoecem, é inevitável aquela sensação de cair num pequeno abismo quando os vemos depois de alguns anos fora, mais curvados, com mais rugas e menos energia.

A última vez que estive no Brasil a 2 anos, depois de cumprir nosso pequeno ritual de ir comer e tomar nosso cappuccino, acompanhei meu pai ao médico que nos informou que ele tinha câncer terminal e não havia muito mais que tratamentos paliativos para minimizar dores e outros sintomas inevitáveis a um doente terminal. Faltava uma semana para eu voltar ao México e eu sabia que provavelmente seria a última vez que o veria. Fui afortunada de poder me despedir, conversar, pedir e ouvir perdão por todas as inevitáveis falhas da relação.

Depois disso meu pai esteve bem por alguns meses e logo depois piorou rapidamente. Minhas irmãs fizeram tudo o que estava a seu alcance, me disseram várias vezes que era melhor eu não ir, não poderia ajudar muito e estou certa que o fizeram para me poupar, por amor, quando eu quis ir já era tarde. Me arrependo disso. De não ter passado o último Natal com ele, ter ajudado e estado lá pelas minhas irmãs, e tantas ultimas coisas que não fiz.




Acho que não há nada pior na vida do que o arrependimento pelas coisas que não fizemos. Esse Natal passarei com a família, mesmo sendo caro, mesmo tendo que voltar na noite do ano novo para o marido financeiro trabalhar dia 02/01. Porque quando sentimos a perda na pele, no coração, sabemos que devemos aproveitar o que temos e podemos. Ligar mais vezes, mesmo que seja para falar do tempo e ou ficar de papo furado... visitar, mesmo sabendo que sai mais barato ir para a Disney e Europa que ir para o Brasil, aproveitar e fazer o que o pessoal que mora perto esquece de fazer. Pegar na mão, olhar no olho, escutar as histórias dos nossos velhinhos... de pescador, de outras épocas, de doenças e achaques, só vale mostrar que estamos de verdade, para valer, que sim importa muito esses momentos.



Amanhã vou ligar para meu avô e padrasto do meu marido, aos cunhados... já não temos pais para ligar, mas vou mandar um abraço enorme, com gosto de cappuccino com chocolate para meu pai, e um com gosto de sorvete para eu sogrinho querido e espero que eles recebam onde estiverem, porque a distância é relativa e o amor não tem fronteiras...feliz dia dos pais para todos os papais de coração brasileiro, onde quer que estejam.




Texto em memória de Alfredo Soares de Oliveira..."rei de Porto Murtinho" saudoso pai.




Fabiana Giannotti, brasileira radicada no México desde 2008.. Blogueira, Escritora, Fotografa, Assessora a expatriados. Me considero afortunada por viver no México, aprender a respeitar e conhecer essa bela cultura. Conhecer, adaptar-se, aprender, mudar, acostumar, respeitar, amar o diferente são algumas coisas que descobri nos últimos anos, além do fato que, por mais perfeito que seja o plano tudo pode mudar de repente...

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