Segurança na Ciudad de México e Zona Metropolitana do Estado do México.

Muita gente pergunta pela segurança dessa imensa metrópole e as respostas sempre são tensas. As notícias de SP e RJ aqui são de nos fazer morrer de vergonha, só mostram o pior e mais feio. Temos que filtrar todas as informações e não nos deixar levar por estereótipos ou sensacionalismo.  
Mas o fato é que, se você quer se livrar da sensação de insegurança, o México, Brasil ou qualquer pais onde exista grandes desigualdades sociais não é uma boa opção. Melhor buscar um país europeu de 1º mundo onde ninguém tem carros caríssimos, todos andam de metro e lavam seus banheiros, e por isso mesmo você terá menos luxo e correrá menos riscos. 



Muita gente leva para o lado pessoal quando se fala sobre segurança (ou perigos) mas vamos ser honestos e racionais, qual grande metrópole de um país com desigualdades sociais gritantes não é insegura? Sei que soa classista e tudo mais, e não é minha intenção, mas o fato é que se estivermos nos extremos sociais de uma grande metrópole corremos riscos. Vou levar o exemplo para SP, se você viver na região de Itaquera, usar a linha vermelha do metro não é a mesma coisa de usar a linha verde e viver na Vl. Mariana, você obviamente pode ser assaltado e sequestrado em qualquer lugar de SP, mas as estatísticas de criminalidade, batedor de carteira, assalto oportunista é maior nas periferias e grandes centros pela própria concentração urbana, necessidades sociais, etc. Agora se viver na região dos Jardins, usando carros blindados você está dizendo a todo mundo que tem grana, o alvo passa a ser assalto a residências, sequestros, etc.  


Aqui no México é igual a qualquer grande metrópole e as diferenças sociais dizem a mesma coisa que . Tem pobre honesto que não rouba e tem um monte de gente pobre que se ressente a injustiça social e rouba, mata, sequestra. Eu diria que a Ciudad do Mexico soma os problemas de SP e RJ, e não tem praia por perto para amenizar. Temos concentração de narcotraficantes em regiões nobres e periféricas da cidade, se armar aqui é mais fácil que no Brasil, qualquer guardinha e muitas pessoas andam armadas, na pratica isso significa que brigas de transito, assaltos e roubos podem se transformar em trocas de tiros e possíveis balas perdidas. Da mesma maneira contratar um vigilante é muito mais fácil que no Brasil, onde os direitos trabalhistas exigem pagamento de horas noturnas insalubridade, periculosidade, aqui custa o mesmo que contratar uma empregada doméstica. Agora, o fato do acesso a armas no Brasil ser menor não impede o RJ de ter altíssimos índices de balas perdidas em qualquer zona da cidade. 




Em relação aos sequestros eu venho de uma família de policiais em SP e PR e posso dizer que tanto aqui como no Brasil os índices de sequestros são altíssimos, os sequestros infantis na sua maioria são para venda como escravos sexuais, a maioria dessas crianças e jovens são roubados em regiões periféricas e em lugares onde haja muitas pessoas, facilitando a distração dos pais, como parques, shoppings, lojas de departamento e supermercados. As crianças mais pobres são mais visadas para esse fim porque seus pais e família tem menor poder político e econômico para encontra-las, os sequestradores são quadrilhas de crime organizado e há uma demanda cada vez maior por crianças. É algo doentio e supera os limites de horrores, mas é real. O México lidera o ranking mundial nesse tipo de crime, mas o Brasil não está muito melhor, não se iludam. Em teoria as crianças estrangeiras estão relativamente fora do alvo pois uma quadrilha não vai querer Interpol e consulados pressionando autoridades, mas em lugares públicos com grandes concentrações o sequestro muitas vezes é aleatório. 





Sequestros motivados por dinheiro, são o mesmo estilo em qualquer parte do mundo, há quadrilhas que investigam, pesquisam hábitos, sequestram e pedem resgate. Nesse caso, assim como no Brasil, se você está no topo da pirâmide socioeconômica, vive em regiões nobres, tem carros caros, você estará correndo mais riscos. A diferença é que você aqui você tem acesso a melhores carros e vivendo como expatriado muitas vezes terá um contrato temporário com oportunidades de viver em condomínios de alto padrão, onde uma casa de 800m2 será normal, e também será normal, até pelo custo menor você ter mais de uma empregada, jardineiro e um sem fim de trabalhadores domésticos e de manutenção que vão e vem dentro do condomínio e tem acesso a seus horários e hábitos. E ainda que você viva em um condomínio com acesso restrito, se você entrar na lista de candidato potencial a sequestro eles irão buscar um furo na sua rotina. Eu conheci 4 famílias aqui no México com pessoas sequestradas. Uma delas muito próxima a nós, nos impactou profundamente, descobrimos então que o Ministério Público no México tem uma estrutura muito boa antissequestro e são muito eficientes, porem a quantidade de quadrilhas cresce exponencialmente, especialmente com a facilidade de redes sociais. Todo cuidado é pouco





Eu não vejo que no Brasil a situação seja muito diferente, porem em SP você ter acesso a uma casa em condomínio horizontal, de mais de 150m2, ter um Corolla e uma empregada 3 vezes por semana, filhos em uma escola particular bilíngue, você já está muito mais acima na pirâmide social que aqui. Aqui o acesso a esse estilo de vida é relativamente mais fácil que no Brasil. Se você tem esse padrão social em SP provavelmente poderá viver aqui em um condomínio com casa maior, com mais empregados, com um carro SUV mais luxuoso, ou seja, seu passe valerá muito mais. Haja visto a quantidade de clubes de golfe que temos na Ciudad de Mexico e zona metropolitana, temos um volume de riqueza muito maior que em SP, que é uma cidade vertical e com uma densidade demográfica que não permite tanta suntuosidade, bem como custos trabalhistas que impedem a contratação de tanto pessoal doméstico.  


Pela mesma questão de densidade demográfica, em SP a quantidade de batedores de carteira, assalto a celulares, carros na rua se sente mais que aqui, se andar em uma avenida com a Reforma, onde há muito policiamento, o risco de te levarem a bolsa ou celular é menos que se andar a pé na Berrini ou avenida paulista. Já o volume de arrastões dentro de transporte público aqui é alarmante, tem linhas que sofrem mais de 40 assaltos por dia, obviamente existem linhas mais ou menos seguras dependendo da rota, como em qualquer parte. 





Ou seja, os problemas existem sim, e é ingenuidade pensar que não. Viver em uma grande cidade exige que escolhas fundamentais sejam feitas, se você vem de uma cidade de interior ou de um estado mais tranquilo é bom se precaver. Se você é um paulista nato como eu, ou vive em qualquer grande metrópole insegura brasileira, já terá alguma malicia. Eu sou extremamente cuidadosa com a questão da segurança aqui e em SP. Em relação as crianças eu me sinto um pouco mais freak aqui, confesso. Da para morar bem, tomando as necessárias medidas de precaução, meus filhos brincam de bola, andam de bicicleta, patins, são crianças felizes, com mais espaço do que eu teria em SP, mas meus critérios para escolher uma casa enlouqueciam a qualquer corretor de imóveis, rs, mas é possível sim, viver bem e com relativa segurança em uma das maiores e mais perigosas metrópoles do mundo.   


Escrito por:



Fabiana, 40 anos, mãe, esposa, empreendedora, professora, corretora de imóveis nas horas livres, uma verdadeira mulher Bombril. Moro no México desde 2008, vindo de mala e cuia e muita fé com o maridão. Adoro viajar, conhecer culturas e fazer amizades. 

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7 comentários

  1. Só acho que a comparação em alguns aspectos foi desnecessária. O título é segurança no México. Morei nesse país e tenho uma visão menos deslumbrada. Acredite não existe lugar mais perigoso que o México, salvo algumas pequenas cidades distantes das grandes capitais dos Estados Unidos Mexicanos.

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    1. A visão foi da Fabi, que mora no DF. Eu moro em San Luis Potosí, uma cidade bem grande, e NUNCA me senti em perigo, muito pelo contrário. Óbvio, que sim, existe violência, mas nada escancarada. Me sinto muito mais segura hoje.

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    2. Desculpe mas acho a comparaçao importante sim, muitas pessoas acessam nosso grupo, que vem de cidades de interior, e acho que tem que ter uma noçao comparativa. Eu morei minha vida inteira em SP e vivo a 8 anos na Ciudad de Mexico e área metropolitana,em 4 diferentes cidades, e nao me considero nada deslumbrada com o Mexico, vejo perigo, sou cuidadosa e escrevi sobre isso.

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  2. Eu adorei o Post, vivo aqui na Cidade do México, vou fazer 2 anos em Junho e acho exatamente o mesmo que a Fabiana descreveu, nem mais nem menos. Achei perfeito. Parabéns. E achei super legal a comparação para servir de base para as pessoas entenderem. Ótimo.

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    1. Obrigada Rosy, a ideia é justamente essa, temos muitos posts de pessoas que vivem em cidades pacatas e tranquilas e nao fazem ideia da selva de pedra que tem pela frente, rs. Nao é perfeito, mas é o que temos hoje.

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  3. Também vivo em CDMX e achei impecável o texto... muito bacana!

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